domingo, 11 de julho de 2010

Davi


Vida doce,
serena
e iluminada.

Presente mais dadivoso
e sublime
não ousava receber.

Um menino anjo
que me encanta
e desfaz qualquer intenção
de tristeza
dor
ou melancolia.

A luz que emana do teu olhar
traz uma quietude e uma bondade
como jamais pensei vislumbrar.

Sinto-me inundada de alegria
e plena com a felicidade de poder oferecer
um pouco mais de amor,
harmonia
e doçura ao mundo.

Tê.

Amor!

Ai...brota de toda parte
por vezes escorrega,
derrete,
líquido,
pastoso.

Em outras arde,
queima,
fere e crava seus traços
feito tatuagem.

Tê.
Divino momento que me é presenteado.
Incoerente é minha percepção,
incrédula,
ante tão primorosa oferta de felicidade.

Onde foi parar a modéstia de tua merecida bem aventurança?

Quieta com essa mania de pouco contentamento,

as pedras, seixos e trilhos caminham em direções várias!

Tê.
Luzes douradas agregam um tom azul-prateado aos dias em que me encontro

Tons anis e cintilantes inundam a alma purpúrea

Laranjas como essa tarde,
antes do cair da tempestade.

Tê.
Zumbi adormece eterno nas águas de Oxum
Sua energia guerreira amplifica as dimensões da luta cotidiana
Um a um, um pouco de todos
sorvendo de seu brilho a energia vital
O nutriente histórico integra-se aos tempos de outrora
Inspirando a necessidade de várias e ainda inúmeras batalhas,
focos miúdos de resistência
e luta por transmutações.

Tê.
Indissolúvel
inquietude que
inquieta e interfere na
imensa possibilidade de
in/tegrar-se e de se
entregar aos
íntimos, compartilhados,
instantes de contemplação.

Impossível não se
indignar ante tão
incoerente e estúpido desvelo da virtude.

Infindáveis horas de angústia,
indiretamente conectadas ao dissabor dos tempos.

Inda queima, tal espinho que tem cheiro.

Indizível o tempo que dura, tanta
incompreensão.

Titãs

Brilhos
inesperados,
num céu denso e cinza.

Expansão tridimensional

Elo entre dois mundos
mudos

Duelo de titãs,
que colhem rosas
e roubam o sono,
usando metralhadoras de doçura

Fogueira das vaidades
que empresta
o olhar na fresta

Súbitas visões
descortinam-se
e estilhaçam
impressões

Findas em cada brilho!

Moldura para a lua

Um quarto de lua pousa na nuvem que a emoldura.

Instintos múltiplos,lado a lado.

Estrelas no coração

Lampejos de desejos
que se entrecruzam

Arrumam-se e dispersam para o outro mundo
o mundo além da impermanência das horas

O mundo onde outras estrelas desfrutam seus impermanentes momentos
alheios a nós
e cá,
alheios a eles

Num interminável fluxo de simetria
e complementariedade

Uma verdadeira encruzilhada

Onde Exu conduz ao
Yin
e ao
Yang.

Metades




Habito a minha incerteza
fruo a dualidade
e percorro as assimétricas sintonias
dissolvidas em meu caldeirão

Um traço astral
denota
labaredas de fogo

Uma alquimia cósmica
integra água,
contendo a explosão

Um acaso
de fuso horário
impõe austeridade

Um alinhamento planetário
totalmente por acaso
quebra a racionalidade
trazendo sua dose de sensibilidade

Mimetismos
e camuflagens

Simbioses
e distorções

Porções inúmeras
revelam metades,
desconhecidas,
escondidas.

Alegro-me com as visões
e percepções
que
por fim
estão a fluir.

A atitude blasê dos animais do zoológico

A atitude blasê surge como consequência natural do modo de vida urbano, manifestando-se através da indiferença ao que é cotidiano. De uma forma muito mais chocante, não é que percebo que os animais expostos no zoológico também comportam-se com a mesma atitude blasê?! Impulsionados talvez pela total negação de suas essências instintivas, os seres ditos não-racionais começam a absorver características peculiares aos seres ditos racionais, absorvendo a "essência" que o homem-macaco foi adquirindo no seu processo de transformação em homem-civilizado. O que hoje vemos, expostos em recintos fechados, não são animais, mas meras sombras ou protótipos de bichos-gente. Mas o que provoca essa situação? Os animais que vivem no zoológico estão completamente afastados do seu habitát original, ainda que existam projetos de ambientação dos recintos, visando a aproximação dos mesmos com os ambientes naturais dos animais, nem de longe se poderá conseguir a reprodução das condições ideais. Toda a percepção sensitiva que intui os animais às práticas de alimentação, reprodução, defesa, etc, são aniquiladas diariamente, condicionando a maioria delas ao provimento por seres humanos.
Não raro, quando passeamos em frente às jaulas dos animais, observamos alguns deles, os mais silvestres, não habituados ao convívio humano, lançando olhares de indiferença aos esquisitos transeuntes, dotados de teleencéfalo altamente desenvolvido e polegar opositor, nos provocando uma instigante reflexão:
Até que ponto os homens, com sua visão "pseudo-ambientalista", tem o direito de enclausurar os animais submetendo-os à sua mera necessidade do espetáculo?
Não satisfeitos com a negaçao dos instintos primitivos dos bichos, os homens vão mais longe, incutindo nos animais do zôo a sintomatologia comportamental típica do homem urbano, ou seja, a atitude blasê!
Mas não é por acaso que continuamos em processo de franca in-volução.

Julia


Semente trazida pelo universo
vinda de outrem
e permeando toda uma existência
de serenidade e alegria

Toda sua alma pura e criativa me renovando,
transcendendo...

Semente acolhida em fértil útero de amor
extravasando de paixão
e embriagando de ternura.

Semente germinando em meio à um habitat perecível
resisitindo a todo mal e discórdia

Semente da bem-aventurança
irradiando bondade
e semeando o epicurismo presente na primariedade
...
do sorriso
do gesto
da experiência espiritual
da solidariedade
e sobretudo da bondade,
maior dom que me foi revelado

Assim és tu
doce e terna
Assim és tu,
Julia.

Tê.

Descaminhos

Nos descaminhos de meu súbito aconchego
sinto a ternura esvaindo-se e o amor perecendo
sendo levado para longe,
descortinando as janelas de meu peito
que aperta,
na pequenez emudecida de um amor latente.

Angústia dos que se dão à verdade,
despretensiosos da vaidade
mas sempre são furtados pelos fatos sinceros
Surgidos em meio à um universo
que lançam flechas de curare no epicentro do meu coração

Onde vais que não me encontra?
O que procura tão escondido?

Vai
sê sempre o mesmo,
sempre outro

E sempre volta

Volta com esse sorriso largo
sem pesares no peito
inundando os recônditos de minha alma
com a mais primária alegria

Tê.
Vida de ilusões
insanas e propagadas
culpo-te por não ser feliz
ora, e isso basta?!
Procura o teu pote de ouro
mas me insenta de atalhos
que escolhas de forma incosciente
e que te desvies do "grand finale".
Segue teu rumo,
enquanto busco a minha paz

Tê.

Traçado de Oxumaré

Traço
descalça
meus passos

Uma dor
me espera na esquina
desse outono

Tropeço,
estabanada
como de costume

Ainda no chão

Lenta,
como de costume

Espio ao redor

Cacos
fatos
acordos tácitos quebrados

Essa é a visão
que me chega
no dia de Oxumaré

Traz consigo a dualidade,
o movimento,
o girar incessante da vida

Oxumaré inspira
a perpétua renovação

Desfaço
laço a laço
os nós atados

Dentro de mim
quilômetros de nós,
tecidos fio a fio
com afeto, doçura e amor

Dentro de ti...
um universo
a descobrir

Tê.
Caminhar ...
por entre picos e vales,
experimentando as diferentes impressões
e sem ansiar por mudanças na paisagem
Permitir que elas cheguem no seu tempo
enluarado ou nebuloso,
mítico, cristalino ou cotidiano
Permear o espírito
com a oferenda que nos chega
sem presságios
ou intuições
Transcender a si próprio
explorando todas as possibilidades
e nuances dos caminhos
Cá estou ...
caminhante!

Tê.

Colapso

O alumbramento inquietante
do tecido urbano
arde de tanta limpidez
e claridade

Quisera uma névoa ocultar
tamanha ignorância e indiferença

Couraças de metal
e olhares de vidro
tornam-se os artifícios
para os mais enrijecidos

Mas para os que enxergam
com a mesma matéria humana
tão cara e tão rara
a angústia é a mais constante companheira

Tal é o estado de distúrbio
que entro em colapso
sinto-me cúmplice e culpada
por ter hoje, satisfeito
apenas 3
das necessidades básicas.

Tê.

Amplidão

Com as asas do cyber-Ícaro
e as patas do Ucides cordatus
percorro a amplidão

Exploro as dimensões várias
e enterro meus pés nas nuvens

Mente livre, leve e lúcida

Corpo suado,
desapegado
e embriagado

Ampliando as possibilidades
amplio
as sensações

e me estendo
à
amplidão.

Tê.
Preciso não pensar em perder...ou ter...mas apenas em sentir...
sentir as mãos firmes e confortantes,
que acalentam e excitam,
trazem conforto e despertam sentimentos lascivos.
Sentir a brisa suave que permeia
esse elo tão frágil e inseguro,
apesar de vívido e espontâneo
sempre sereno
sempre oscilante
sempre bom
companheiro de longas afinidades
mudas e sutis
presença desde sempre,
ainda que desde logo
condenar-me à indecisão não é preciso
sinto-te tão fortemente e quero-o ainda mais livre
quanto mais livre de mim
mais feliz por estar contigo
uma incógnita sempre revela-me seus olhos imensos de tão profundos
instiga-me e suscita a vontade de decifrar-te
carregas toda a serenidade de um vulcão perene
e toda a inconstância de um lago cristalino
Traz-me paz
e isso basta.

Tê.

Composição

As vibrações melódicas
ecoam numa sintonia ardente
ainda que imperceptível
à ouvidos fatigados pelo habitual.

Outrora elegemos a lua
cúmplice maior de nossos minutos
Quisemos também a areia
registrar,
através dos pingos chuviscados,
tamanha celebração à vida.

Diante de cenário
tão harmoniosamente composto
nada resta-me a desejar
senão apenas fluir
através do céu e do cio,
estreitando os laços com o divino
que cada qual guarda em si.

Tê.

improviso

No desvario das horas
a impertinente
impermanência.
Impossível
não se emprestar
a impulsos
impiedosamente
implícitos.
Impor
implicantemente
o impossível
é
impraticável.
O ímpeto
traduz
o
imperecedoiro.

Tê.

Impermanência

Escuta?
Percebe!
A impermanência
do sentido das coisas.
Quando não estás dentro,
pertence ao todo.
Espinha atravessada na garganta,
verdades monstruosas
que se revelam
ao dissabor
do tempo.
Vês?!
O pertencer...
ao mundo pertence

Tê.