domingo, 3 de abril de 2011

O Espírito Capitalino

Quando se aproxima o natal, começa a ferveção do consumo, as promoções, os sugestionamentos midiáticos, as belíssimas propagandas, que, a todo custo, tentam nos vender a idéia de que natal feliz é com mesa farta e muitos presentes. Para as crianças é uma verdadeira tortura (não exatamente para elas, mas para seus pais ou responsáveis), e a ansiedade pelo tão esperado dia da chegada do papai Noel, com sua mágica sacola de presentes, distribuindo alegria e felicidade, tira o sono de muitas delas.
É muito raro conseguir captar a verdadeira essência do natal, no meio desse turbilhão de informações de compras, créditos e promoções. E a figura central do papai Noel então? Jesus Cristo, um ser humano iluminado, um homem que propagou mensagens tão simples para a harmonia entre os povos, que viveu com tanto desapego material, que vivenciou a sua filosofia de vida, fica completamente esquecido nessa data onde se comemora o seu nascimento, e mais do que isso, a inspiração que foi – ou que pelo menos deveria ser – a sua vida.
Como mãe, já me questionava há muito sobre se deveria educar meus filhos com a cultura do Natal que os brasileiros se apropriaram, e decidi que essa fantasia dos presentes, do papai Noel, do pinheiro, nada tem a ver com a nossa cultura e portanto não deveria endossar esse processo.
Meus filhos não esperam papai Noel chegar, pois sabem que nesse dia, se comemora o nascimento de um homem que foi exemplo de vida para toda a humanidade, e que é portanto um dia muito especial, para refletirmos sobre os nossos atos, sobre como deveríamos ser mais bondosos, caridosos, desapegados materialmente, tolerantes. É um dia de dar e receber amor, de fortalecer a união, de ser mais humano mesmo, na essência do que deveria ser esse “atributo”.
Nesse período fico extremamente melancólica e só imaginando como seria se as famílias, ao invés de comprarem diversas iguarias que não brotam em nosso solo, a preços muitas vezes exorbitantes (damascos, nozes, avelãs ...) e enfeitarem os clássicos pinheiros (árvore exótica à nossa flora nativa), se reunissem em asilos, orfanatos, casas de acolhimento à pessoas com demandas de saúde, de vícios ... enfim, se nesse período todos se voltassem para amparar (mesmo que em apenas um dia) os desamparados, o verdadeiro espírito natalino de amor, compaixão e fraternidade se reverberaria, ampliando as virtudes inspiradas pelo grande homem que foi Jesus.

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